Sábado à noite recebi uma mensagem curta e triste pelo celular: Bóris se foi ontem, avisou o meu primo e colega Nélson Blecher. Em 2004, Bóris ficou famoso ao ganhar na Justiça o direito de entrar no Metrô de São Paulo, conduzindo a advogada Thays, deficiente visual. Após nove anos de serviços prestados à dona, Bóris havia se aposentado meses atrás, cedendo seu posto a outro labrador, Diesel, de um ano e sete meses. Foi morar com o Nélson e a Maria Augusta, cachorreiros apaixonados. Infelizmente, o nobre cão desfrutou pouco a aposentadoria, devido a um câncer. Pedi ao Nélson para escrever algumas linhas sobre este grande companheiro:
"Eu e minha mulher tivemos o privilégio de conviver com Bóris nos últimos quatro meses de sua vida. Thaís Martinez adotara Diesel o novo cão guia. O aposentado Bóris espalhou sua doçura no bairro de Moema onde vivemos. Crianças, porteiros, comerciantes, todos saudavam e acariciavam o labrador louro que respondia com um abanar de rabo. Bóris foi apresentado aos irmãos de outras raças no Ibirapuera. Em seus tempos de cão guia ele não podia se desviar da missão.
Foi um trabalhador fiel e incansável. Aposentado, trarei de permitir que ele fizesse tudo de que gostam os cães: cheirar vagarosamente os canteiros de flores e escolher por onde ir. Sem coleira. Era a minha maneira de dizer que ele deveria aproveitar a liberdade selvagem com que nasceu. Bóris se foi na noite do último sábado. E como acertadamente disse o Bruno virou anjo. Permita-me uma pequena correção: anjo sempre foi. Agora Deus o convoca para nova missão."
Nélson Blecher
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