terça-feira, 1 de dezembro de 2009

EU FUI VIVO, É CLARO, E NÃO DESCONECTEI A NET

Voltei feliz feito um pateta ontem para casa, depois de ter adquirido um modem 3G, um aparelho Vivo Residencial e um novo celular. Dei uma banana para o pessoal da Claro, após exercer com altivez meu direito à portabilidade. Verdade é que levei mais de uma hora na loja da Vivo no Shopping Iguatemi, preenchendo e assinando uma dezena de formulários.
Alegria de pobre dura pouco. Após funcionar quase o dia inteiro, aquele aparelhinho todo branquinho, o tal 3G, resolveu emperrar. A mensagem que deu foi a seguinte, veja se você consegue decifrar:

Como não foi possível estabelecer uma conexão com o computador remoto, a porta usada para esta conexão foi fechada. Para obter ajuda, clique em "Mais Informações" ou procure por este número de erro no 'Centro de Ajuda e Suporte'.

É aquelas frases desconexas, de programador português, do tipo "você realizou uma operação proibida e terá que ser eliminado da Internet". Coisa de Hitler!

Muita calma nesta hora, como costuma dizer a Arlene. Tentei obter ajuda no Mais Informações, mas não havia nenhum lugar para clicar, assim como não consegui descobrir o tal do número de erro.

Comecei a entrar em pânico. Fecho às 18h30 uma coluna que envio diariamente para 40 jornais e sites do país, e já era quase seis e quinze quando o branquinho resolveu pifar. Resolvi desligar tudo, beber um copo de água com açúcar e recitar um mantra. Só não botei o tefelin porque não dava tempo. De mais a mais, o meu está todo enrolado.

Voltei ao computador, respirei fundo, liguei todas as tomadas, e nada. Tenho pavor de call center, mas não tive outro recurso senão apelar para os universitários do *8486. É praga do pessoal do Claro, pode ter certeza. Eles estão mancomunados com a torcida do Corinthians. É que na segunda-feira acusei frontalmente o Corinthians de ter entregado o jogo ao Flamengo. Disse isso em alto e bom tom na padaria, por volta das 6 da manhã. Tinha meia dúzia de gatos pingados, mas devo ter sido espionado.

Foram quase 20 minutos de música, felizmente sem propaganda da Vivo, até ser atendido.
- Boa tarde, como posso ajudá-lo?
Desta vez, resolvi adotar uma postura extremamente fria e calculista. Não muito agressiva, para que o atendente não derrubasse a ligação, mas bem assertiva:
- Como é o seu nome, meu rapaz?
- Gustavo. Pois bem, senhor Gustavo, espero que esta ligação esteja sendo gravada, pois tenho revelações muito importantes a fazer.
- Está sendo gravada, senhor. O senhor vai receber um protocolo.
- Meu caro Gustavo, sei que você ganha pouco, trabalha muito e não tem nada a ver com a ineficiência da Telesp Celular, mas deu azar de estar ai neste exato momento. E, para mim, como não tenho acesso ao Roberto Lima e nenhuma outra chefia da empresa, você agora personaliza a Vivo. Entendeu?
- Senhor, por favor, em que posso ser útil?
- Quero deixar gravado aqui, com cópia à Anatel, a minha decepção com a tecnologia 3G. Meu caro Gustavo, eu imaginava que este pequeno modem que adquiri ontem seria a minha salvação. Seria uma espécie de passaporte para a liberdade. De posse deste pequeno aparelho, eu poderia me mudar com a minha linda cachorra, uma golden retrevier toda ruiva, definitivamente para a praia ou viajar pelo Brasil, sem prejuízo do meu trabalho. Mas agora começo a desconfiar que o meu plano foi por água abaixo.
- Senhor, por favor, o que aconteceu? O rapaz já estava nervoso. Este é o plano.
- Caro Gustavo, o modem não está funcionando e dá a seguinte mensagem... Contei tudo a ele, abri o meu coração, esperando uma solução mágica, do tipo: é só o senhor entrar no meu computador, conexões de rede e Internet, e configurar ou alterar algum carinha.
Mas não, a coisa era mais grave:
- O senhor, por favor, aguarde alguns minutos que eu vou verificar se há problemas técnicos na sua região. Aliás, estou vendo que há problemas em Higienópolis.
- Mas eu moro na Vila Mariana!
- Ah, me desculpe, vou estar averiguando (sic) na Vila Mariana.
Dez minutos se passaram, tempo suficiente para eu religar a minha conexão com a Net e enviar à coluna. Só então o Gustavo voltou à superfície:
- Senhor, senhor, já tenho um parecer
- Maravilha! Fala Gustavo, qual é o problema?
- Estamos enfrentando um problema técnico na sua região.
- Sério? É grave?
- Não, nossos técnicos já estão no local, e a previsão é da volta do sinal por volta das 21h.
- Mas agora ainda são 18h, e eu preciso mandar a minha coluna até às 18h30! Veja bem, meu caro Gustavo, quero deixar tudo isto registrado e bem gravado. Atenção senhores da Anatel, atenção Mano Menezes, torcida do Flamengo, eu estou sendo prejudicado e vou exigir reparação. Não dá para entregar o jogo assim. Gustavo, sem querer fazer um trocadilho, quero deixar muito claro que deixei a Claro e voltei a Vivo, depois de alguns anos de afastamento, acreditando que finalmente eu poderia ser feliz com uma operadora.
- Senhor, estamos fazendo todo o possível para isto.
- Gustavo, me diga com toda a sinceridade, não me esconda nada, por mais terrível que seja a verdade -- este problema com a rede é esporádico ou acontece sempre?
- Senhor, já estamos reparando a rede. Acredito que até às 21h00, o sinal estará normalizado. É só isto que posso lhe dizer.
- Mas meu amigo Gustavo. Às 21h todos os jornais já estarão fechados, e terei que jogar a minha coluna no lixo. Vocé está entendendo Gustavo? Você está gravando isto?
- Sim senhor.
- Então eu gostaria de deixar registrado nos anais da Vivo que eu fui prejudicado e poderei entrar com um processo por perdas e danos. Você entendeu, Gustavo? Se você estiver mentindo, se por acaso este problema é usual, e não esporádico, eu poderei processá-lo também, e seu nome ficara manchado para sempre.
- Sim senhor. O senhor quer o número do seu protocolo?
- Lógico! Passa logo.
- Anote, por favor, 20009.cambio!?88877777.83730.AP.SONRIZAL.8999.XIIII!BATMASTERSON.9. Quer que eu repita
- Não, vá dormir, Gustavo. Deixa para lá. Sonhe com os anjos!

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