quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O QUE ESTÁ EM JOGO EM COPENHAGUE

Senti falta da senadora Kátia Abreu, a toda poderosa presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, no Fórum Abag "Copenhague e o Agronegócio Brasileiro, realizado hoje pela manhã em São Paulo. Se estivesse por lá, a senadora poderia aprender alguma coisa sobre os impactos do agronegócio nas mudanças climáticas, ouvindo especialistas de peso como o Marcos Sawaya Jank (Unica), Carlos Clemente Cerri (Cena-Usp) e o Paulo Moutinho (Ipam), e evitar frases prontas como a que pronunciou na segunda-feira para a Folha: "as metas brasileiras de redução de emissão dos gases efeito estufa são populismo infantil".

Para Kátia, não é razoável replantar áreas ocupadas hoje pela produção de alimentos. "Não dá para falar na questão ambiental sem dizer quanto custa. O presidente Lula anunciou as metas de redução das emissões de gases, mas ninguém sabe quanto custa; é uma irresponsabilidade, é populismo infantil, é querer competir com o Barack Obama", disse.

Há menos de uma semana do inicio das negociações da COP-15, talvez a mais importante conferência mundial deste século, a senadora ainda não entendeu que o que está em jogo em Copenhague não é simplesmente o lucro da próxima safra, mas a sobrevivência do Planeta.

A CNA tenta aprovar a qualquer custo no Congresso projeto de lei que prevê anistia a quem desmatou até 2006, autorizando a recomposição de áreas sensíveis (margens de rios) com espécies exóticas, e desmatamento zero a partir de agora na Amazônia e na Mata Atlântica.
Kátia Abreu quer contar com o apoio do presidente Lula, "o populista infantil", para aprovar o seu projeto. Vale destacar que o projeto fala de desmatamento zero na Amazônia e na Mata Atlântica, mas não dedica nem uma linha sequer aos Cerrados, onde restam poucas árvores para contar a história.

Já Marcos Jank, presidente da Unica, diz que o Brasil leva à Copenhague na próxima semana uma proposta bastante avançada. "Temos uma oportunidade única de assumir a liderança da Conferência Mundial Sobre Mudanças Climáticas. Para a agricultura, as mudanças climáticas têm um lado ameaçador, mas também tem um lado solução, que é prática do conservacionismo e a doção de tecnologias como o plantio direto.

Ao contrário do que pensa a senadora Kátia Abreu, para Jank, o Brasil tem mais a ganhar do que a perder com a economia de baixo carbono."Anos atrás, tudo isto era tema de ONGs e cientistas. Hoje também a iniciativa privada está participando desta discussão", disse Jank. Nem todos.

A Kátia Abreu prefere nadar contra corrente e acaba por reforçar na mídia a tese (falsa) de que os produtores rurais são todos bichos atrasados e devastadores da floresta. Nem todos.

À propósito, perguntar não ofende, por quê a CNA não faz parte da Aliança Brasileira Para o Clima?

Entidades filiadas: ABAG – Associação Brasileira de Agribusiness, ABAG/RP – Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, ABRAF – Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel, ALCOPAR – Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná, ARES – Instituto para o Agronegócio Responsável, BIOSUL – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, BRACELPA – Associação Brasileira de Celulose e Papel, ICONE – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, ORPLANA – Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil, SIAMIG – Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais, SIFAEG – Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás
e UNICA – União da Indústria de Cana-de-açúcar

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