quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Bancos repassam ao cliente ônus da segurança

De volta a São Paulo, após 20 dias de muito sol, praia e cervejas estupidamente geladas, encontrei na porta de casa uma pilha de jornais, revistas e contas vencidas (esquecidas). O jeito foi pagar tudo com juros e correção monetária, antes que virassem uma bolha financeira.

O diabo é que ao tentar acessar o banco pela Internet, percebi que os 20 dias na bucólica "Aldeia de São Lourenço" (como diz o filósofo Gabriel, o dono do boteco mais sujo do pedaço) foram realmente relaxantes: esqueci completamente a senha da minha conta-corrente e, piorainda, deletei sem querer o "certificado de segurança" do meu pen-drive.

Aqui vale um protesto: aos poucos, os bancos foram transferindo a seus clientes a tarefa de zelar pela segurança do dinheiro neles depositado. Os velhos cofres-fortes, selas intransponíveis ficavam nos porões das agências bancárias, transformaram-se em "certificados virtuais", cartões núméricos, senhas, tokens e outros bichos.

Resultado: para entrar na sua conta bancária, você hoje tem que estar completamente alerta, sem uma gota de álcool no sangue e concentrado, capaz de digitar a sua senha, dar três pulinhos para São Longuinho, achar o seu cartão de segurança, digitar o número que lhe foi solicitado, lembrar a resposta de sua frase secreta, fazer a operação e digitar novamente a senha ou o número do token. Se demorar, dança; se errar, você tem mais duas chances, antes de ser condenado ao limbo e ficar completamente sem dinheiro.

Foi o que aconteceu comigo. Sem a senha e o certificado virtual, levei mais de três dias para conseguir acessar a minha conta. Tive que gerar um novo certificado, consertar a impressora, imprimir o documento em duas vias, levá-lo em duas vias à minha agência bancária, aguardar a fila para falar com o gerente e esperar a aprovação do novo certificado. Só então, depois de três ligações para o suporte técnico, consegui voltar à civilização.

Mais um parênteses. Você já reparou que os gerentes hoje em dia preferem atender os clientes por telefone do que ao vivo? Fiquei mais de uma hora com o gerente, porque ele passou uns cinco telefonemas na minha frente. A vontade que me deu foi levantar, ir até o orelhão da esquina e ligar para o gerente.

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